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Complexo Viário Real Parque

Complexo Viário Real Parque

SAIBA MAIS SOBRE COMPLEXO VIÁRIO REAL PARQUE

Obra: Complexo Viário Real Parque

Projeto: Ponte Estaiada Octávio Frias de Oliveira

Cliente: Prefeitura do Município de São Paulo

Localização: São Paulo / SP

Investimento Público: (estimativa): R$ 275 milhões

A ponte estaiada Octávio Frias de Oliveira, localizada na cidade de São Paulo e construída sobre o rio Pinheiros, fez parte do projeto de reestruturação do sistema viário da capital e sua função era diminuir o volume de tráfego no cruzamento das Avenidas Engenheiro Luís Carlos Berrini e Jornalista Roberto Marinho (antiga Avenida Água Espraiada), além de desafogar o trânsito na ponte do Morumbi em direção ao bairro Santo Amaro. Responsável pela concepção viária e funcional da ponte, a Geométrica participou também dos projetos básico e executivo, contribuindo com o detalhamento da infra-estrutura, desenho, geometria e traçado para a construção de uma das estruturas mais altas de São Paulo, que se tornou, em 2008, um dos cartões postais da cidade.

O surgimento do projeto

O principal eixo de ligação entre a cidade de São Paulo, o litoral e o porto de Santos é a Avenida dos Bandeirantes, uma das vias mais congestionadas da capital. Dessa forma, com o objetivo de oferecer aos usuários uma alternativa à Bandeirantes, surgiu o projeto da ponte estaiada, que possibilitaria o prolongamento da Avenida Jornalista Roberto Marinho (antiga Água Espraiada) até a Rodovia dos Imigrantes, com a transposição do rio Pinheiros.

Assim, em 2003, a prefeitura de São Paulo lançou o edital de concorrência para a realização do projeto básico da obra, cujo escopo exigia a construção de duas pontes estaiadas independentes, sobre o rio Pinheiros, localizadas na Avenida Jornalista Roberto Marinho (antiga Avenida Água Espraiada), com o objetivo de evitar a geração de gargalos e redução da velocidade de tráfego.

A vencedora desse processo de licitação foi a empresa Enescil, a qual requisitou a participação da Geométrica no detalhamento das duas pontes e na concepção do sistema viário e da infra-estrutura. Em outras palavras, no projeto básico, a Geométrica foi responsável pela concepção viária e funcional e pelo detalhamento dos projetos de infra-estrutura (pavimentação, drenagem, geotécnica, entre outros), do desenho, da geometria e do traçado das pontes.

No ano seguinte, em 2004, o projeto executivo e a construção da obra foram licitados, ficando o contrato sob liderança da empresa e construtora OAS, a qual, assim como a Enescil, contratou a Geométrica para desenvolver o detalhamento de todas as atividades do projeto executivo, exceto aquelas referentes à estrutura e arquitetura.

Soluções implementadas

A maior preocupação da Geométrica era que o tráfego atraído pela ponte não impactasse a região da Berrini, piorando a situação do tráfego nessa localidade. Por isso, a solução proposta foi fazer a interligação de duas grandes vias (Avenida Jornalista Roberto Marinho e a marginal) que, teoricamente, teriam capacidade para absorver todo o tráfego gerado.

A proposta de se fazer a ponte em curva com mastro único surgiu durante o projeto executivo, de uma necessidade estrutural, após estudos realizados frente as inúmeras interferências presentes na região, como a linha de transmissão Xavantes, as tubulações com 1.000 mm de diâmetro que controlam a vazão e elevam as águas do córrego Água Espraiada em direção ao rio Pinheiros e a linha de trem da CPTM.

Para viabilizar essa estrutura única, a Geométrica desenvolveu o traçado das duas pontes, praticamente simétricas, espelhadas, que cruzariam exatamente no eixo do mastro, atendendo às normas técnicas com relação à velocidade de tráfego e respeitando as interferências da região.

Desafios

Para a Geométrica, o maior desafio desse projeto foi tornar a obra funcionalmente adequada, com apoio e aprovação de órgãos e instituições municipais, num curto período de tempo. Logo no início do contrato com a EMURB, o projeto foi apresentado junto a órgãos como CET, Secretaria Municipal de Transportes e SIURB, para que todos compreendessem, fizessem suas contribuições e apoiassem sua realização.

Além disso, a localização para construção da ponte, apesar de livre e espaçosa, apresentava muitas interferências que deveriam ser analisadas e trabalhadas ao longo do projeto, como a canalização e o sistema de bombeamento do córrego Água Espraiada, as redes de alta tensão da Eletropaulo, entre outras. Tudo isso, trouxe maior complexidade técnica ao projeto, principalmente na parte referente à estrutura.

Transformar duas pontes estaiadas independentes em uma única estrutura, através da criação de um mastro de 138 m de altura, também foi um dos grandes desafios e maior diferencial desse projeto.

Contribuição para a cidade

A ponte estaiada é uma obra de engenharia que agrega, para a cidade de São Paulo, funcionalidade e estética. Apesar de ser uma solução que eventualmente apresenta custos superiores às soluções tradicionais, ela promove impactos muito positivos para a paisagem urbana.

O traçado, desenvolvido a partir das premissas e obrigatoriedades quanto a velocidade de tráfego, declividades e normas, deu origem ao desenho, à planta e curvatura da ponte, resultando em uma obra de engenharia diferenciada e arquitetonicamente harmônica.

Análise pós-implementação

Contrariando a visão existente em grandes metrópoles brasileiras de que a construção de pontes gera degradação no espaço urbano, a solução encontrada para a ponte estaiada Octávio Frias de Oliveira trouxe maior qualificação urbana para São Paulo.

É uma obra projetada para oferecer funcionalidade e segurança aos usuários, além de ser diferenciada e ousada em sua forma, agregando impacto visual positivo à cidade.

Curiosidades

Existia a proposta de enterramento das linhas de energia, para que a ponte ficasse mais livre; porém foi rejeitada por questão de custos.

Todo o projeto foi desenvolvido, considerando como velocidade máxima de operação na marginal 90 Km/h e, na Avenida Jornalista Roberto Marinho, 70Km/h. Assim, a ponte foi projetada para uma velocidade de 80 km/h, com a finalidade de gerar uma redução gradativa nesse trajeto.

A altura da ponte foi uma característica definida de acordo com as necessidades funcionais e de navegação das barcaças que cuidam de limpeza do rio Pinheiros. Essa especificação foi uma exigência da EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) e teve como resultado uma ponte mais elevada.

Durante a concepção da obra, foi utilizado um software específico que analisa o comportamento da estrutura ao longo do tempo, considerando deformações, relaxamento do aço e a perda de protensão (= introduzir, numa estrutura, um estado prévio de tensões, de modo a melhorar sua resistência ou seu comportamento, sob ação de diversas solicitações). Segundo o engenheiro da obra, a ponte foi feita para durar mais de 100 anos.

A ponte estaiada Octávio Frias de Oliveira tem capacidade para receber até 4 mil veículos/hora em cada pista, representando um alívio, para a ponte do Morumbi que, em horários de pico, recebe até 7 mil carros/hora.

O número Fibonacci, também conhecido como número de ouro, resultou e está presente na altura do mastro da ponte estaiada (razão entre alturas = 0,61). Séculos atrás, os antigos perceberam que as artes e arquiteturas, baseadas nessa razão de ouro, eram agradáveis à vista.